"Acordei e pensei que quero beijar-te o coração para sentires o amor que te poderei dar..."
Esta frase li e reli nos teus olhos, quando cruzei contigo nos meus sonhos. Não te quero perder o rasto, quero seguir-te como um fiel seguidor de uma doutrina que nunca se esquece, apenas mantém-se. É deveras sofredor o nada em mim sem ti aqui. Passeio a alma algures, não sei se me sentes dentro de ti por isso quero-te beijar o coração.
Abre o coração, sente o quente dos meus lábios, sente-me... Sim sente-me, eu sei que talvez possas me compreender que tudo isso não é apenas um desejo mas sim um sonho real, tão real como a chuva que cai sem direcção. Eu sou incerto tão incerto que não sei de mim... Sem ti sou tenho pedaços de mim que pairam no Céu, que atravessam montanhas que se perdem no vento como as cinzas, minhas cinzas, minha fogueira acesa.
Um beijo no teu coração. Um beijo e eu dir-te-ei tudo. Todos os sentires nesse simples gesto. Vem trás o coração e sente o meu beijo quente. Esse beijo de amor.
Oiço uma voz sussurrando no meu ouvido, de ninguém, de alguém? Do vento forte despindo árvores... Do cheiro intenso dos eucaliptos. Das pétalas que se abrem deixando-se consumir pelos olhares atentos do mundo.
Permaneço, neste lugar de vários nomes. De teias que enfeitam os cantos das paredes. Percorro a sala deserta, despida de móveis, descalço vou até a rua, abro a porta nada vejo, sinto alguém que me tenta tocar... Ou alguém que se afasta de mim.
Morri, mas estou vivo, esta aparência que mostro, um fogo extinto, ou uma vela acesa que desafia o vento.
Hoje deixei-me levar, nas palavras vazias que adormecem em mim. Hoje deixei que as ondas do mar me lavassem a sujidade do corpo, me lavassem a alma da dor.
Hoje deixei que tudo em mim fossem estas palavras. Não sei se terão a magia das coisas simples.
(imagem retirada da net)
O tempo amarrou-me a alma
Despiu-me.
Nu, percorri ruas desertas
Ninguém me ouve...
Ninguém me dá esse abraço que procuro
Passeio entre o Céu e a terra,
conchas a beira-mar pinto-as com o teu
sorriso o teu rosto angelical que só
vejo nos meus sonhos.
Passeio, vagueando de olhos vendados,
deixo sempre o coração ver
Por isso quando amo... Amo mesmo...
Essa intensidade que me revira
e muitas vezes se transforma em dor.
Nem sempre o espelho do amor
reflecte o meu sentimento.
Era uma vez á muito tempo atrás uma adolescente escondia a gravidez do seu pai, insuportavelmente aguentava as quezílias familiares. Na tradição dos tempos, seria inconcebível engravidar sem casar. Ainda o é em alguns casos. Naquela terra distante de guerra, de sofrimento e pânico geral, a adolescente suportou a gravidez escondida, até que o menino resolveu sair e olhar o mundo, decidiu sentir a vida da terra. Quando nasceu o menino não foi aceite, fora rejeitado pelo pai da adolescente, mas logo mudara de opinião e de atitude… Passara aceitar o menino que além de ser neto, o menino o chamaria de pai. Porque o verdadeiro pai, teve de emigrar para Europa visto que a situação de guerra se instalara em Angola deixando para atrás o filho que nunca chegou a conhecer na altura. Só mais tarde conheceria o menino que hoje se tornou homem. Quando tinha 15 anos e resolveu ir a procura do verdadeiro pai (e o conheceu) sozinho cruzou o oceano, sozinho chegou a Portugal e sozinho tem vivido ao longo destes anos todos.
Os anos vão passando, num ciclo que é a vida. O menino já não é menino tornou-se homem, vive sozinho algures no Algarve. Hoje o homem sente saudades da terra que lhe viu nascer que ainda chegou a conhecer. O menino que se tornou homem tem sobrevivido a vida que lhe deram naquela madrugada de Janeiro do dia
Para quem me deu a vida, agradeço profundamente… A ti mãe que suportaste tudo e todos, que lutaste para que eu vivesse, nem tenho palavras para te agradecer, apenas dou-te o meu coração e faz dele a tua morada. Aqueles que sempre me têm acompanhado ao longo destes anos todos, igualmente agradeço profundamente. O menino que se tornou homem, sou eu. E hoje faço anos. ;)
Procurei as vestes de um anjo
Numa casa abandonada em cima de uma
montanha para me cobrir do frio da
solidão.
Saciei a sede com as lágrimas do
anjo.
Perdi-me na escuridão da vida
Cantei o amor dentro de mim
Três estrelas seguidas que
pernoitam no Céu, nunca se separam,
alguém já as viu?
A fonte do desejo saboreia os
sentidos perdidos, algures,
num lugar esquecido.
Procurei a fonte do amor, água
límpida e pura, doce veneno
que me cativa.
Aonde me encontro não me sinto,
aonde me sinto não me tenho...
Caminho, no silêncio da madrugada sentida. Sinto o frio a entranhar-me o corpo, tocando-me nos ossos. Invade-me um arrepio. Sem vento as árvores nada dizem, têm as folhas mudas. As madrugadas têm outro sentir, uma estrela cadente invadindo, o Céu de uma noite que foi apenas mais uma noite. Passeio pelas ruas desertas, como que se fosse o único habitante deste planeta.
Estou só… Há muito que me sinto assim... Como uma árvore perdida, despida na planície longínqua.
O silêncio das árvores, numa madrugada singela, neste novo recomeço da vida, deve ser sentido. O cântico de um pássaro, o latir de um cão, enfim alguém atravessa junto a mim, a mesma estrada com que se deleita a vida. Tenho-me somente a mim e estas palavras que me saem de dentro, nesta madrugada, junto ao silêncio das árvores.
04 de Janeiro de 2006 as 06.30 da manhã
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. Eu amo a chuva que cai em...
. Um corpo
. De ti
. Até já